Que imagem você tem das mulheres?
29/03/2011
por Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo.
Feche os olhos e pense numa mulher famosa. Não sei em quem você pensou, mas são grandes as chances de essa mulher ser magra, alta, ter cabelos longos – provavelmente lisos –, seios generosos e bumbum perfeito. Não é coincidência que seja assim. A maioria absoluta das mulheres que vemos na TV, no cinema, nas revistas seguem essa receita para o sucesso: a beleza.
Claro que há muitos caminhos para o sucesso, mas ser bonita – e se tornar modelo-atriz-apresentadora – virou uma versão feminina do sonho dos meninos de ser jogador de futebol. E nós não estamos fazendo muito para mostrar que há, sim, outras possibilidades para um futuro bem-sucedido. Essa é a tese do documentário Miss Representation – cujo título brinca com “misrepresentation” (representação errada, deslocada) e “Miss Representation” (algo como representação delas). Exibido pela primeira vez no Festival de Sundance, o filme ganhou espaço em algumas salas de Nova York e deve ser transmitido pelo OWN, canal de Oprah Winfrey, em outubro.
O foco do documentário, dirigido por Jennifer Siebel Newsom (na foto), é como a mídia em geral retrata as mulheres e como, de certa forma, essa imagem restringe as ambições das meninas no futuro. (Link do Documentário Newest Miss Representation Trailer (2011 Sundance Film Festival Official Selection) from on Vimeo.)
As meninas entrevistadas dizem coisas como: “As pessoas não dão valor para a inteligência da mulher, só para seu corpo”; “Tenho amigas que vão ao banheiro colocar 5 kg de maquiagem, mas você está na escola para aprender!”; “Lembro-me de me preocupar com meu peso na quinta série. Agora estou na nona série e continuo preocupada com meu peso”.
Jennifer Newsom afirma que fez o filme para dizer que as mulheres têm que ser julgadas por sua capacidade, não por sua aparência. O trailer mostra como as mulheres na política – como Hillary Clinton e Sarah Palin – tinham que responder também por suas rugas ou por seus seios durante a campanha.
O projeto teve o apoio de políticas como Condoleezza Rice e Nacy Pelosi, atrizes como Jane Fonda e Geena Davis e apresentadoras de TV como Katie Couric. A atriz e ativista Rosário Dawson resumiu a importância da mídia para as meninas: “Você não pode ser o que você não pode ver”. Por isso, precisamos de mais do que peitos, bundas e beleza para inspirar as garotas a buscar um outro caminho para o futuro.
Um exemplo da importância da imagem para as crianças foi a recente eleição de Dilma Rousseff à presidência do Brasil. A Isabel até escreveu que sua filha chegou a ficar em dúvida sobre seguir a carreira de princesa ou presidenta…
Corro o risco de ser tachada de “a feminista chata” do Mulher 7×7 com esses posts que faço. Mas acho importante nossas meninas terem modelos de sucesso inspiradores – e variados. E você, o que acha da tese do documentário: é importante reduzir a quantidade de mulheres-objeto para que as meninas possam se sentir mais livres para pensar no futuro?