sábado, 19 de fevereiro de 2011

A semiótica de Charles Sanders Peirce por Júlio Pinto - PUC-Minas






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EXERCÍCIO: Assista aos vídeos e reflita sobre as frases abaixo. Em seguida, desenvolva sua compreensão por escrito, exemplificando: 

1) "A semiótica é um jeito de olhar, perceber e comunicar com o mundo".

2) "A linguagem é composta (sua matéria) por representações abstratas; ou seja por coisas (ideias) que estão no lugar das outras coisas (objetos/ideias) e que não são as coisas (em virtude de estar no lugar delas) por estarem no lugar das quais elas estão". 

3) "A ideia que faço do mundo não é exatamente o mundo. A ideia que faço do mundo é composta por signos do mundo e, portanto, não é o próprio mundo. Ou seja, a minha linguagem sobre o mundo não tem quase nunca que corresponder àquele mundo, mas é uma espécie de mapa desse mundo. O mapeamento é o mundo interno". 

4) "Não há jeito de pensar sem signos (Peirce). Portanto, não podemos estabelecer nenhuma comunicação sem signos".

5) "Quando percebemos o mundo, nós percebemos são os signos. Assim, nossa percepção do mundo não é igual ao mundo".

6) "Cada um vê o mundo de uma maneira".

7) "Nossos signos estão aquém ou além do mundo, nunca igual ao mundo".

8) "No jornalismo sabemos que nenhum relato sobre o fato irá corresponder inteiramente ao fato".

9) "O fato só é verdadeiro no momento em que está acontecendo, depois disso não mais será; passará a ser uma representação".

10) "Só consigo ver aquilo que estou equipado a ver".

11) "O mundo todo não será percebido mesmo".

12) "A percepção está na base da linguagem"

13) "Como percebemos o mundo é o que sustenta nossa incursão nas ideias (semiótica) de Charles Peirce".

14) "Três jeitos de percepções de mundo: 1) sensação indefinida; emoção difusa, fugaz, não reflexiva; o presente que não se capta: "vejo sem saber que estou vendo" (primeireza ou primeiridade); 2) relação de duas coisas: sujeito e passado; condição mínima para existir; há que ter uma relação de coisas para dizer "isso existe", estar perante algo; relação binária que significa estar aqui, estar ali  (secundeza ou secundidade); 3) reconhecer e nomear; operação triádica: objeto, ver (imagem), memória (que interpreta a imagem) = há algo lá fora (objeto), que é visto aqui dentro (imagem) e é comparado com algo já visto anteriormente (significado),  (terceireza ou terceiridade).

15) "Mônadas: qualidades que estão presentes nos objetos (signos), servem para caracterizar os  objetos,  mas estão também presentes em outros objetos. Ela está lá, porém não é o signo. É algo destacável do objeto e que pode estar em outros signos". (a "azuleza", p.ex. céu azul, camisa azul, tela azul).

16) "A linguagem tem um componente de memória. Isso significa 'aquilo que vai ser lembrado' na hora em que o objeto aparecer".


17) "Reconhecer é ver e comparar. É o reconhecer que me ajuda a nomear".


18) "A linguagem só me ajuda a ver o mundo, por que o mundo já foi visto por ela e eu já vi o mundo por ela antes"


19) "O signo visto por mim refere-se a um conceito de algo que interpreto como sendo análogo a minha memória, isto é um outro signo. A memória é o registro de uma representação (algo passado) e podemos ligar uma imagem à uma memória (sistema de signos)".


20) "O símbolo é a convencionalidade. É a memória do nome do objeto junto com a memória do objeto".


21) "Todo conhecimento é uma linguagem".


22) "O mitos são símbolos".


23) "Muito objetos de consumo são consumido por seu valor de símbolo e não por seu valor de objeto"


24) "Toda linguagem, segundo Peirce, é uma linguagem de três".


25) "Toda interpretação se interpõe entre alguém que vê e algo que é visto".




clique na imagem para ampliar os slides

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Indústria do funk - construção de imagem, lucro, preconceito...

Crianças, Sexo e Dinheiro: a vida (e a morte) pós-trafico em comunidades pacificadas



por Felipe Barcellos (Blog pai de menina)



Tem filha? Então digite “bonde das novinhas”, “novinhas do funk”ou “novinhas metendo” no Google ou no You Tube. Vá, pense fora da caixa e faça isso. Agora imagine uma das meninas que você viu, com cerca de 13 idade anos do Complexo do Alemão (isso vale para outras comunidades e até mesmo bairros classe média da Zona Sul carioca) cobra cerca de R$100,00  por programa (camisinha, esqueça - é moeda de troca fazer sem preservativos, chegando a dobrar o cachê), sendo que R$ 40,00 ficam para ela e R$ 60,00 para o cafetão ou cafetina (em muitos casos, membro da família). 


Esqueçam os dias livres. Quando muito, um dia de folga para ir ao Shopping. Obviamente, os dias de menstruação são resolvidos fazendo sexo com diafragma ou praticando apenas sexo oral ou anal. Elas não querem descansar. 

Agora convença essa menina que vive cercada de miséria que ela poderia largar essa vida e ganhar em um mês metade do que ganha por semana lavando banheiros no McDonalds do shopping mais próximo ou trabalhando como empregada doméstica. Ela vai rir de você, leitora. Shopping para ela é um lugar para passear com as amigas, azarar, conseguir alguns clientes (praças de alimentação, em qualquer shopping, são palco de um tipo muito interessante detrottoir)  e torrar os R$1500,00 que ela ganha por semana, trepando cinco vezes com estranhos (ou parentes, ou conhecidos, ou vizinhos, ou amigos da escola).

Muito bom que o Estado tenha resolvido arcar com o custo social de melhorar as condições de vida em área dominadas pelo tráfico. Mas existe uma seara onde ele não consegue entrar: na vida privada.

Famílias que cresceram sem planejamento e sem esteio moral jamais conseguirão dar suporte emocional e educacional para crianças em formação em um ambiente onde o estimulo do “sucesso” fácil é diário. Menos pela mídia - jovens carentes passam menos tempo diante da TV do que os sociólogos antiquados acreditam -, mais pelos códigos da própria comunidade. A indústria do funk criou uma base sólida para a exploração sexual precoce. 

Crianças pequenas dançam e cantam letras de conteúdo sexual perverso, se não na forma (mulheres que assumem o papel de brinquedos sexuais dos homens da comunidade, sem culpa) na falta de diálogo para contextualizar o que repetem como um mantra, aos 8, 9 anos de idade. Basta escutar a programação vespertina de rádios como a FM O DIA, para terem a dimensão do que estou dizendo.

Em áreas onde gravidez adolescente apresenta características de epidemia, fica difícil encontrar em uma mãe ou uma avó algum suporte que fuja ao estereótipo. Se antes elas eram “educadas” cada vez mais cedo para serem as escolhidas como mulheres dos traficantes dominantes, agora, com a guerra o tráfico, elas vão migrar em massa para a prostituição, seja nas ruas locais, seja virtual (mais difícil de combater) oferecendo seus serviços via MSN e Orkut. 

Enquanto fora do Brasil os pais estão preocupados com o “sexting”, aqui no Brasil as meninas aproveitam os recursos de comunicação e criação de imagens dos celulares para vender seus corpos  e produzirem imagens de sua nudez, a qual é precocemente valorizada nas relações pessoais e de comércio sexual. Não, crianças não podem ter privacidade digital, como já comentei em outro texto.

Visite um cinema multiplex da zona oeste carioca ou a praia da Reserva, no Recreio dos Bandeirantes, para entender a dimensão do problema. Uma garota com um celular na mão e acesso remoto (longe de casa e dos olhos protetores da família - quando existem) a redes sociais é uma empresa do sexo, capaz de comunicação eficiente e discreta com sua clientela.

Elas não são criminosas. São vítimas. E o pior: vítimas em uma faixa etária na qual acham que estão repletas de razão. Um garota que ganhe R$ 75 mil ou R$ 80 mil reais por ano, livre de impostos, não é vista como algo indesejável em uma família onde a renda combinada dos pais não chega R$ 2 mil mensais. E para justificar a “renda extra” daquele núcleo familiar, basta que a menina faça algumas apresentações como dançarina em um baile funk. Vira “artista” e lava o dinheiro da prostituição. Está fechado o círculo vicioso.

Já a turma da cafetinagem leva entre R$ 375 mil e R$ 500 mil por ano, sem ter que trocar tiros com a polícia ou criar logística de quadrilha para armazenar e proteger drogas, vender gás clandestinamente ou criar centrais de TV a cabo pirata. É o dinheiro sujo mais fácil que alguém pode ganhar. Cada vez mais os traficantes e milicianos estão migrando para a exploração da prostituição infantil e adolescente como fonte de renda sem dor de cabeça.

E essa dor, essas vidas perdidas precocemente, os tiros, carros blindados e rasantes de helicóptero não serão capazes de “libertar”.

Aqui, a solução para o problema está para frente, nos próximos 10 anos.  Assim que a hipocrisia do Estado cessar e o foco passar a ser planejamento familiar e esforço sócio educacional como moeda de troca em políticas de distribuição de renda. Chega de gerar massa de manobra, corpos dóceis e eternamente agradecidos à bolsa-miséria. É hora de bolar uma geração oriunda da pobreza capaz de tomar as rédeas desse pais.


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EXERCÍCIO 1: Com base nas aulas, analise o texto acima, pesquise sobre o funk e elabore um texto mostrando como a chamada "indústria do funk" constrói "seus valores no imaginário social". Argumente e exemplifique como se dá (meios) a construção dessa imagem. Não se esqueça de citar as fontes pesquisadas. 

EXERCÍCIO 2: Comente a frase de Janaína Medeiros, no livro Funk carioca: crime ou cultura? :
"Relatar como o funk tem sido criativo e persistente para sobreviver e derrubar preconceitos, apesar da mídia e a sociedade tentarem demonizá-lo e tornar seu público invisível (jovens negros, pobres e favelados). Mesmo sendo ele hiper visível nas ruas, nos pontos de ônibus, nas escolas, nas filas de emprego, nos sinais de trânsito” (p.10). 


EXERCÍCIO 3: Comente a frase de Mr. Catra: “Ninguém está incitando ninguém. Ninguém vira bandido por causa do funk. O funk é uma crônica. Junto com muito suingue, muita pancada, muita dança, muito suor. O que acontece é que as pessoas ainda não se acostumaram a conviver com a realidade dos outros, tá ligado?” (fonte aqui)

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Veja também:

1) Monografia: Direito e cultura popular: o batidão do funk carioca no ordenamento jurídico




2) Vídeo: 90 dias com Catra 




3) Livro: Funk carioca: crime ou cultura? O som dá medo. E prazer.

Veja sumário aqui

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vivendo num mundo super-equipado



Foi-se o tempo em que o vento nos mares determinava o rumo da navegação. Assim como faz tempo que a demora das viagens não depende mais do humor dos cavalos. Se alguma coisa pode-se dizer sobre a diferença entre nós e os “antigos” mais próximos e a constante e paulatina ilusão de controle sobre os chamados “imponderáveis da vida cotidiana”.

Dentre eles, os surpreendentes viesses da alma humana.

Arlie Hochschild mostrou nas suas pesquisas o processo de treinamento dos sorrisos das comissárias de bordo da Delta Airlines descrevendo, além do esforço físico, o “esforço emocional” exigido pela empresa. As funcionárias chegaram a confessar em entrevistas que o sorriso “estava nelas, mas não era delas”. A empresa tinha lhes roubado a "alma". 

Outro paralelo pode ser feito com os objetos que compramos diariamente. Os motivos das nossas escolhas são muitas vezes orientados por fatores que desconhecemos completamente.Quem sabe se analisarmos a "alma" destes objetos descubramos alguma coisa?. São estes aspectos "imponderáveis" da alma dos objetos que o chamado "mercado" controla primorosamente.

Basta olhar com atenção o desenho de algumas mercadorias de consumo cotidiano para perceber que há tempos impõe-se uma estética do “sobre-dimensionamento” nestes objetos. Compramos, por exemplo, sapatos feitos e desenhados para quem vai escalar montanhas ou caminhar em trilhas íngremes. As cidades no Brasil e outras partes do planeta estão cheias de automóveis preparados para o rally Paris-Dakar. Muitas das nossas roupas poderiam ser usadas em filmes de Indiana Jones e assim por diante. 

Esta percepção sobre a hiper-dimensão de aspectos simbólicos no capitalismo já tinha sido apontada por Theodor Adorno quando analisava o uso de uma estrutura complexa como é uma orquestra sinfônica para a gravação de um tema de três minutos num comercial de sabonete. A sobre-dimensão de elementos “intangíveis” no mundo atual chegou ao nível das representações. Principalmente nas representações cartográficas das cidades. 

Isto devemos à internet. O Google Earth, por exemplo, nos oferece escalas das cidades que coloca o internauta na situação virtual de dominação espacial e geográfica de um piloto de guerra. Existe até um recurso por meio de atalhos no teclado em que o usuário passeia-se pelos céus de qualquer cidade num Caça F16 que é um avião de bombardeios. Os detalhes das fotografias feitas pelos satélites disponibilizam detalhes que são para a maioria dos internautas-espectadores desnecessários para as demandas do dia a dia.

Vemos como no âmbito das representações estamos servidos de um hiper-realismo que, em verdade, não necessitamos. Assim como acontece com os celulares com GPS, relógios com manómetros analõgicos, automóveis, tênis, roupas e canivetes multiuso aparelhados de lanternas e bússolas.

Quanto poder ilusório queremos consumir? Quanto poder “real” estamos transferindo para nossos Big-Fathers? O tempo nos mostrará um dia o tamanho e a dimensão da ignorância construída a milhões de mãos.



Abraços do Eladio


Conferir: Howard Becker no livro Falando da Sociedade. Anthony Giddens no livro Sociologia, Theodor Adorno em algum parágrafo da coleção “Os Pensadores” que agora tenho preguiça de olhar. E, principalmente, é útil conversar com meu amigo Fernando Campos Leza para aprender um pouco sobre divagações e delírios em recursos informáticos.

Imagem: Catedral submersa. Eladio Oduber / Lápis grafitti sobre papel comum

SEGUNDA-FEIRA, FEVEREIRO 21, 2011


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Exercício:

Reflita sobre a frase: Quanto poder ilusório queremos consumir?


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Arte, representação e semiótica


Ceci n'est pas une pipe - René Magritte
“Ceci n’est pas une pipe” (pronúncia) (“Isto não é um cachimbo”), de 1929, é uma das obras mais famosas do pintor surrealista belga René Magritte (1898 – 1967).
A pintura traz algumas inovações formais, como a utilização de frases em um quadro, e a pintura de um objeto solto no ar, sem qualquer suporte. Estes artifícios, embora possam não ter sido inventados com este quadro, não eram muito comuns. O primeiro método faz uma fusão de palavra e imagem, na pintura; o segundo direciona totalmente a atenção do observador – que poderia se dispersar se na pintura houvesse, digamos, uma mesa como suporte ao cachimbo, um cinzeiro etc.
Contudo, a fama da obra não decorre propriamente destas particularidades da forma, e sim dos questionamentos gerados pelo conteúdo.
O que é o quadro de Magritte? Há um cachimbo. E uma frase: “Ceci n’est pas une pipe.”. Uma frase que contradiz o que o olho enxerga. “Isto não é um cachimbo.” – como não?!
Uma das possíveis respostas vem do próprio título da obra, que, na verdade, não é “Ceci n’est pas une pipe.”, nome pelo qual ficou famosa, mas sim “La trahison des images”, isto é, “A traição das imagens”. O que vemos não é um cachimbo real, mas uma representação de um cachimbo. A imagem é só um signo, um símbolo, e não “a coisa em si”. (Leia mais em René Magritte e a Linguística.)
A frase de Magritte aponta o óbvio. Ninguém tentaria comer uma maçã pintada em um quadro. Então, qual a função da frase, na tela? Justamente esta: ressaltar o óbvio. Ao ver uma maçã, em um quadro, ninguém pensa: “Isto não é uma maçã.”. Se não houvesse a frase na pintura de Magritte, ninguém pensaria, portanto, “Isto não é um cachimbo.”. Aliás, pelo contrário! Todos pensaríamos: “Cachimbo!”.
Magritte nos joga na cara, portanto, o óbvio (que frequentemente costuma ficar no plano subconsciente): estamos frente a uma representação, e não frente a um objeto. O título original do quadro, “A traição das imagens”, já daria uma pista para esta análise, porém, sozinho, talvez não tivesse a força da frase.
Magritte, como todo representante do Surrealismo, trabalhava com a fronteira entre o real e o impossível. A pintura é real, o quadro é real, é palpável, transportável, comercializável. Já o que o quadro representa, qualquer quadro, seja de um surrealista ou de um impressionista, não o é. Não é possível fazer a Monalisa piscar, não é possível fumar no cachimbo de Magritte.
Pinturas podem mimetizar o real, mesmo que interpretado, como os jardins de Monet, ou inventar novos mundos, como os relógios derretidos de Salvador Dali.
Por fim, uma pintura pode ser e não ser o real, simultaneamente, como o cachimbo de Magritte. É um cachimbo, diz a nossa mente, e temos que concordar com ela. Não é um cachimbo, diz a frase, e ela também está certa!
O quadro de Magritte adianta as teorias da física quântica, que dizem que algo pode estar e não estar em um determinado lugar no mesmo tempo
O cachimbo de Magritte é real e irreal, ao mesmo tempo. Como o sonho – tema caro aos surrealistas.
O que Magritte queria nos causar, afinal, com esta pintura? Que tipo de reflexão desejaria que tivéssemos, daí em diante? A resposta verdadeira somente o pintor poderia nos dar (veja: Frases de René Magritte). Em uma carta, Magritte escreveu que “o título não contradiz o desenho, ele o afirma de outro modo”.
Suposições podem ser feitas por nós, assim como leituras, digamos, “não autorizadas”. O quadro pode ser utilizado, por exemplo, em uma crítica ao inflacionado mercado das artes ou ao próprio público – paga-se milhões por uma representação do jardim de Monet, mas o comprador (ou o visitante do museu que vai ver tal quadro) nunca foi ver pessoalmente o jardim real, em Giverny (França)… Por que pagar milhões por um cachimbo de mentira, enquanto um verdadeiro custa poucas dezenas de reais?!
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Em 1952, Magritte fez “uma graça” com o quadro. Vários de seus temas são recorrentes, sujeitos a releituras, e não poderia deixar de ser diferente com o já famoso cachimbo.
Magritte fez então um desenho, coma frase “Ceci continue de ne pas être une pipe” – “Isto continua a não ser um cachimbo”.
Ceci continue de ne pas être une pipe, René Magritte
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Um ano antes de morrer, Magritte voltaria mais uma vez ao tema, com “Os dois mistérios” (“Les deux mysteres”):
Magritte, Os dois mistérios
Nesta tela, o quadro “Ceci n’est pas une pipe” repousando em um cavalete e, fora da tela, flutuando na sala, um enorme cachimbo…
O primeiro “Ceci (…)” já era um mistério e, agora, percebemos, fora da sua tela havia um grande cachimbo, talvez o modelo para aquele que foi pintado…
Qual o segundo mistério? Ora, se o cachimbo de “Ceci (…)” não era um cachimbo, porque era apenas uma pintura, o que está fora da tela, no mundo real, há de ser verdadeiro. O grande cachimbo de “Les deux mysteres” está de fora do “Ceci (…)”. É palpável. É real. Real?! Mas ele também está em uma pintura! Logo, ele também não é um cachimbo…
Neste jogo do infinito criado por Magritte, é possível que, se do lado de “Os dois mistérios” alguém deixar um cachimbo de verdade, acabemos por acreditar que este também não seja um cachimbo…
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O quadro “Ceci n’est pas une pipe” pertence atualmente a um museu de Los Angeles, Estados Unidos, onde fica em exposição permanente. Foi recebido de doação, feita há décadas por um colecionador milionário.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Construção social da imagem

Exercício: Análise o texto abaixo e destaque os elementos (frases) que a autora utiliza para demonstrar como se constrói a "imagem" da mulher brasileira. Avalie, ainda, se você tem a mesma "imagem" que a autora do texto descreve e explique os seus motivos, seja para concordar ou discordar.  


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Mulher brasileira e racismo (parte 1)


Eu tô azeda com um episódio de racismo que vivi recentemente na Europa. Resumindo bem a situação, estou namorando com um europeu « loiro dos zôio azul » e fui considerada (pelas costas, é claro), como uma aproveitadora, que está com ele para obter cidadania. Bom, passei da fase 1 = « sangue nos zóio » + « provar que não é verdade » para a fase 2 = « tentar digerir e racionalizar o assunto ». Pois bem : em plena era tecnológica, resolvi dar uma googlada em « mulheres brasileiras visto », e eis que me deparo, via um blog, com a capa da revista « Focus », com uma bunda e a chamada « Os segredos da mulher brasileira ». Dispensável comentar o teor da capa, certo ? (Afinal, uma imagem vale mais que mil palavras minhas).


Fonte original: Revista "Focus" (agosto/2010)
Pois bem : resolvi correr atrás da reportagem e, por incrível que pareça, ela é bem menos infame do que a capa. Em geral, ela traz depoimentos de casais luso-brasileiros (mulher brasileira e homem português) e também relata alguns estudos feitos por acadêmicos sobre a questão da imagem da mulher brasileira construída pelos europeus e pelas europeias. Como eu sou chata, resolvi deixar a parte dos depoimentos fofinhos de casais apaixonados (#manoelcarlosfeelings) de lado e me concentrar na questão dos estereótipos construídos sobre nós, mulheres brasileiras, aqui na gringolândia. Vale dizer que os estereótipos que eu vou analisar aqui partem de reflexões minhas sobre a leitura da reportagem, ou seja, advêm de um contexto específico, sem a pretensão de generalizar isso universalmente, ok ?
1- Bom, o primeiro estereótipo, é aquele que tá todo mundo careca de saber : a imagem da mulher brasileira é uma imagem sexualizada. Traduzindo em bom português : “Mulher brasileira é tudo puta ! “. É interessante a gente parar e se perguntar : “Por quê que é assim ? “, o que nos leva a respostas de origem histórica :
“A questão da raça (sic) está inextrincavelmente ligada à questão da sexualização da mulher brasileira : a imagem englobante, por assim dizer, é a imagem da mulata, indicando as fortes relações entre as hierarquias sociais,  os estereótipos de sexualidade alterada e o passado colonial. O Brasil, sempre no lugar do mestiço, acaba sendo ele todo transformado no corpo feminine da mulata: como tal, é sexualizado.” (Igor Machado, USP, p. 122)
Trocando em miúdos, a imagem sexualizada da mulher brasileira vem do período colonial.
Mas aí rola o questionamento (racista, claro): “Pô, mas você é tão branquinha! Como pode ser associada a uma mulata/ escrava/mucama, etc? » Bom, o que acontece, na contemporaneidade, é que tal imagem é reforçada, por exemplo, pelas novelas e também pela indústria de turismo, responsável por difundir estereótipos brasileiros mundo afora, o que inclui, naturalmente, o carnaval e todas as mulheres com pouca ou nenhuma roupa relacionadas a ele: “muitas pessoas pensam que a liberdade do sambódromo se extende à vida cotidiana” (Ana Letícia Barreto, Universidade de Évora, p. 125).
Daí não importa se eu sou branca, preta, amarela, azul ou verde : SE sou brasileira, ENTÃO ando com pouca roupa, LOGO, sou libertina. Qualquer associação com a contemporânea imagem das « piriguetes », que nós mesm@s fazemos no Brasil, não é mera coincidência. Aplique  esse estereótipo indistintamente e pronto : a fórmula « brasileira é tudo puta »  tá aí, prontinha para uso da parcela desinformada da comunidade europeia. Ou seja : o preconceito que temos contra uma parcela das mulheres da nossa população, a parcela desinformada da comunidade europeia tem contra todas. Adicione uma boa pitada de xenofobia secular e você tem a fórmula completa, que inclui a questão da « mulher aproveitadora », que vem no combo do estereótipo da piriguete, certo ? Repare como a coisa é recursiva ! Pra demonstrar melhor a recursividade da coisa, ia fazer a última fórmula com « que’s » (#minimalismofeelings), mas deu mais certo com « logo’s » :
Sou uma mulher brasileira, ENTÃO ando com pouca roupa, LOGO sou libertina, LOGO sou aproveitadora, LOGO quero subir na vida fácil, LOGO quero me casar com um europeu PORQUE posso obter um passaporte de capa vermelha (e, ASSIM, subir na vida de um jeito fácil, sendo aproveitadora (= usando as minhas habilidades sexuais –sendo libertina e usando pouca roupa, mesmo que, na prática, a gente se vista com 500 roupas de frio. Mas o imaginário da pouca roupa não desaparece, entende ?)
Isso nos leva à fórmula silogística mais simples :
Sou uma mulher brasileira, LOGO quero um passaporte europeu
Ou, como toda fórmula recursiva, pode se estender « ad infimitum », neste caso, dependendo das cores que se dá ao contexto. Por exemplo :
Sou uma mulher brasileira, ENTÃO ando com pouca roupa, LOGO sou libertina, LOGO sou aproveitadora, LOGO quero subir na vida fácil, LOGO quero me casar com um europeu, LOGO quero engravidar de um europeu, PORQUE posso obter um passaporte de capa vermelha e obter uma pensão em euros para sempre, amém.
No fim, todos os caminhos levam ao inevitável estereótipo relatado em quarto palavras: “Mulher brasileira é tudo puta ! ” Não é incrível ?
Se você teve uma epifania ao ler este post (versão “Manoel Carlos ” para : “se você sobreviveu ao fim deste post sem ficar tont@ com tantas fórmulas pra explicar uma coisa tão banal e que todo mundo já tá careca de saber”), não deixe de acompanhar o próximo, em que eu desvendo o estereótipo # 2 relacionado à mulher brasileira (este, um pouco mais otimista, pra não desanimar a cara leitora do meu folhetim !). Segure a sua ansiedade durante 15 dias e não deixe de ler o próximo capítulo!

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Veja também:


Artigo científico:


Mulheres brasileiras na mídia portuguesa



Reportagens:

Imagem da mulher brasileira em Portugal vira tema de estudo de artista paulista



Opinião:


A imagem das brasileiras


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estudiosos


Origens do estudo geral dos signos

É importante dizer que o saber foi estudado, inicialmente, constituído por uma dupla face. A face semiológica (relativa ao significante) e a epistemológica (referente ao significado das palavras).
A semiótica tem, assim, a sua origem na mesma época que a filosofia e disciplinas afeitas. Da Grécia até os nossos dias tem vindo a desenvolver-se continuamente. Porém, posteriormente, há cerca de dois ou três séculos, é que se começaram a manifestar aqueles que seriam apelidados pais da semiótica (ou semiologia).
Os problemas concernentes à semiologia e à semiótica, assim, podem retroceder a pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo. Entretanto, somente no início do século XX com os trabalhos paralelos de Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce, o estudo geral dos signos começa a adquirir autonomia e o status de ciência.


Charles Sanders Peirce

No estudo geral dos signos Charles Sanders Peirce (1839-1914) seria o pioneiro daquela ciência que é conhecida como "Semiótica", usando já este termo, que John Locke, no final do século XVII, teria usado para designar uma futura ciência que estudaria, justamente, os signos em geral[2]. Para Peirce, o Homem significa tudo que o cerca numa concepção triádica (firstnesssecondness e thirdness), e é nestes pilares que toda a sua teoria se baseia.
Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Peirce, em 14 de maio de 1867, descreveu suas três categorias universais de toda a experiência e pensamento. Considerando tudo aquilo que se força sobre nós, impondo-se ao nosso reconhecimento, e não confundindo pensamento com pensamento racional, Peirce concluiu que tudo o que aparece à consciência, assim o faz numa gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas:
  • Qualidade;
  • Relação;
  • Representação.
Algum tempo depois, o termo Relação foi substituído por Reação e o termo Representação recebeu a denominação mais ampla de Mediação. Para fins científicos, Peirce preferiu fixar-se na terminologia de Primeiridade, Secundidade e Terceiridade.
Primeiridade - a qualidade da consciência imediata é uma impressão (sentimento) in totum, invisível, não analisável, frágil. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está na sua mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto, aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se oculta ao nosso pensamento. A qualidade da consciência, na sua imediaticidade, é tão tenra que mal podemos tocá-la sem estragá-la. Nessa medida, o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, ele é inicialmente, original, espontâneo e livre, ele precede toda síntese e toda diferenciação. Primeiridade é a compreensão superficial de um texto (leia-se texto não ao pé da letra; ex: uma foto pode ser lida, mas não é um texto propriamente dito).
Como Luis Caramelo explica no seu livro Semiotica uma introdução, "A firstness diz respeito todas as qualidades puras que, naturalmente, não estabelecem entre si qualquer tipo de relação. Estas qualidades puras traduzem-se por um conjunto de possibilidades de vir a acontecer(…)". Desta forma, temos, no nosso mundo o acontecimento ou possibilidade "chuva", mas é apenas isso, apenas possibilidade existencial. Caso localizemos chuva como um acontecimento, por exemplo "está a chover" estamos perante a secondness.
Secundidade - a arena da existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são externos, tropeçando em obstáculos, coisas reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a acção de fatos externos resistindo à nossa vontade. Existir é estar numa relação, tomar um lugar na infinita miríade das determinações do universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de existir (secundidade) está nessa corporificação material. Assim sendo, Secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. Como exemplo: "o homem comeu banana", e na cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os dois elementos e a ação da frase.
A palavra chave deste conceito é ocorrência, o conceito em ação. É desta forma, também, uma atualização das qualidades do firstness.
Terceiridade - primeiridade é a categoria que dá à experiência sua qualidade distintiva, seu frescor, originalidade irrepetível e liberdade. Segundidade é aquilo que da a experiência seu caráter factual, de luta e confronto. Finalmente, Terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Por exemplo: o azul, simples e positivo azul, é o primeiro. O céu, como lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul é um segundo. A síntese intelectual, elaboração cognitiva – o azul no céu, ou o azul do céu -, é um terceiro. A terceiridade, vai além deste espectro de estrutura verbal da oração. Ou seja, o indivíduo conecta à frase a sua experiência de vida, fornece à oração, um contexto pessoal. Pois "o homem comeu a banana" pode ser ligado à imagem de um macaco no zoológico; à cantora Carmem Miranda; ao filme King Kong; enfim, a uma série de elementos extra-textuais.
Sucintamente, podemos dizer que thirdness está ligada a nossa capacidade de previsão de futuras ocorrências da secondness, já que não só conhecemos o acontecimento na medida de possibilidade natural, como já o vimos em acção, e como tal, já nos é intrínseco. Desta forma já podemos antecipar o que virá a acontecer.
Também para Peirce há três tipos de signos:
  • ícone, que mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva entre o signo, representação do objeto, e o objeto dinâmico em si; o signo icónico refere o objecto que denota na medida em que partilha com ele possui caracteres, caracteres esse que existem no objecto denotado independentemente da existência do signo. - exemplo: pintura, fotografia, o desenho de um boneco. É importante falar que um ícone não só pode exercer esta função como é o caso do desenho de um boneco de homem e mulher que ficam anexados à porta do banheiro indicando se é masculino ou feminino, a priori é ícone, mas também é símbolo, pois ao olhar para ele reconhecemos que ali há um banheiro e que é do gênero que o boneco representa, isto porque foi convencionado que assim seria, então ele é ícone e símbolo;
  • índice, ou parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo há fogo. Quer isso dizer que através de um indício (causa) tiramos conclusões. Ainda sobre o que nos diz este autor, é importante referir que «um signo, ou representamen, é qualquer coisa que está em vez de (stands for) outra coisa, «em determinado aspecto ou a qualquer título», (e que é considerado «representante» ou representação da coisa, do objecto - a matéria física) e, por último, o «interpretante» - a interpretação do objecto. Por exemplo, se estivéssemos a falar de "cadeira", o representante seria o conceito que temos de cadeira. Sucintamente, o índice é um signo que se refere ao objecto denotado em virtude de ser realmente afectado por esse objecto.
O objeto seria a cadeira em si e o interpretante o modo como relacionamos o objeto com a coisa representada, o objeto de madeira sobre o qual nos podemos sentar. Sobre isto é interessante ver a obra "One and three chairs" do artista plástico Joseph Kosuth. A principal característica do signo indicial é justamente a ligação física com seu objeto, como uma pegada é um "indício" de quem passou. A fotografia, por exemplo, é primeiramente um índice, pois é um registro da luz em determinado momento.
  • símbolo, "é um signo que se refere ao objecto que denota em virtude de uma lei, normalmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo aquele objecto". by Luis Caramelo


Ferdinand de Saussure

Um outro autor, considerado pai da semiologia, a vertente européia do estudo dos signos, por ser o primeiro autor a criar essa designação e a designar o seu objeto de estudo, é Ferdinand de Saussure (1857-1913). Segundo este, a existência de signos - «a singular entidade psíquica de duas faces que cria uma relação entre um conceito (o significado) e uma imagem acústica (o significante) - conduz à necessidade de conceber uma ciência que estude a vida dos sinais no seio da vida social, envolvendo parte da psicologia social e, por conseguinte, da psicologia geral. Chamar-lhe-emos semiologia. Estudaria aquilo em que consistem os signos, que leis os regem.»
A concepção de Saussurre relativamente ao signo, ao contrário da de Peirce, distingue o mundo da representação do mundo real. Para ele, os signos (pertencentes ao mundo da representação) são compostos por significante - a parte física do signo - e pelo significado, a parte mental, o conceito. Colocando o referente (conceito correspondente ao de objecto por Peirce) no espaço real, longe da realidade da representação. Para Saussure (com excepção da onomatopeia), não existem signos motivados, ou seja, com relação de causa-efeito. Divide os signos em dois tipos: os que são relativamente motivados (aonomatopeia, que em Peirce corresponde aos ícones), e os arbitrários, em que não há motivação. Leia-se que esta motivação é a tal relação que Peirce faz entre representação e objecto e que, na visão de Saussure, parece não fazer sentido. Esta visão pode ser tida como visão de face dual. Para Saussure, existem assim dois tipos de relações no signo:
1 - as «relações sintagmáticas», as da linguagem, da fala, a relação fluida que, no discurso ou na palavra (parole), cada signo mantém em associação com o signo que está antes e com o signo que está depois, no «eixo horizontal», relações de contextualização e de presença (ex: abrir uma janela, em casa ou no computador)
2 - as «relações paradigmáticas», as «relações associativas», no «eixo vertical» em ausência, reportando-se à «língua» (ex: associarmos a palavra mãe a um determinado conceito de origem, carinho, ternura, amor, etc…), que é um registo «semântico», estável, na memória coletiva de um ser ou instrumento.


Louis Hjelmslev

Louis Hjelmslev (1899-1965) complexifica os conceitos utilizados por Saussure. Segundo Hjelmslev, e por uma questão de clareza, a expressão deverá substituir o termo saussuriano de significante, assim como o conteúdo deve substituir o de significado. Tanto a expressão como o conteúdo possuem dois aspectos, a forma e a «substância» - que em Saussure são por vezes confundidos com significante e significado. Os signos são por isso, para Hjelmslev, constituídos por quatro elementos e não dois, como propunha Saussure.


Umberto Eco

Sendo o mais proeminente europeu a usar o termo "Semiótica", Umberto Eco (1932), além de ser um dos que tentaram resumir de forma mais coerente todo o conhecimento anterior, procurando dissipar dúvidas e unir ideias semelhantes expostas de formas diferentes, introduz novos conceitos relativamente aos tipos de signos que considera existir. São os «diagramas», signos que representam relações abstractas, tais como fórmulas lógicas, químicas e algébricas; os «emblemas», figuras a que associamos conceitos (ex: cruz → cristianismo); os «desenhos», correspondentes aos ícones e às inferências naturais, os índices ou indícios de Peirce; as «equivalências arbitrárias», símbolos em Peirce e, por fim, os «sinais», como por exemplo o código da estrada, que sendo indícios, se baseiam num código ao qual estão associados um conjunto de conceitos.


Roman Jakobson

Roman Jakobson, nascido em Moscovo (Moscou PB), em 1896, introduziu o conceito das funções da linguagem:
  • a emotiva, que «denota» a carga do emissor na mensagem;
  • a injuntiva, relativa ao destinatário;
  • a referencial, relativa àquilo de que se fala;
  • a fática, relativa ao canal da comunicação;
  • a metalinguística, relativa ao código;
  • a poética, relativa à relação da mensagem consigo mesma.
Se Jakobson fala das funções da linguagem, Guiraud diferencia os códigos. E é nos códigos lógicos que está o mais importante para os signos. Nestes, ele releva os «paralinguísticos», associados a aspectos da linguagem verbal (ex: escritas alfabética, escritas idogramáticas). Associar números a pedras é ter e ser um código deste tipo: códigos práticos, ligados às sinaléticas, às programações e a códigos de conhecimento o (ex: sinais de trânsito) e, por último, os epistemológicos, ou específicos de cada área científica.


Morris e Greimas

Morris e Algirdas Julius Greimas dizem-nos que tudo pode ser signo consoante a nossa interpretação, deixando em estado mais abrangente o conceito de signo. Porém, Morris diz-nos ainda que estes se dividem em
  • Sintáctico, ao nível da estrutura dos signos, o modo em como eles se relacionam e as suas possíveis combinações,
  • Semântico, analisando as relações entre os signos e os respectivos significados,
  • Pragmático, estudando o valor dos signos para os utilizadores, as reacções destes relativamente aos signos e o modo como os utilizamos.



Alguns semióticos importantes


  • Charles Sanders Peirce (1839-1914), um lógico notável que fundou filosófica o pragmatismo , definida semiose como um processo irredutivelmente triádica na qual alguma coisa, como um objeto, logicamente determina ou influencia algo como um sinal para determinar ou influenciar algo como uma interpretação ou interpretante , si mesmo um sinal, levando à interpretantes mais. Peirce abrangeu tanto as questões semânticas e sintáticas em sua gramática especulativa. Ele considerou a semiótica como lógica formal , por si só e faz parte da filosofia, como também abrange estudo de argumentos ( hipotético , dedutivo e indutivo ) e de métodos de investigação, incluindo o pragmatismo e, como aliados mas distinta de pura matemática, é lógica. Para um resumo das contribuições de Peirce a semiótica, consulte Liszka (1996) ou Atkin (2006).
  • Ferdinand de Saussure (1857-1913), o "pai" da moderna lingüística , propôs uma noção dualista de signos, relacionando o significante como a forma da palavra ou frase pronunciada, para o significado como conceito mental. É importante notar que, de acordo com Saussure, o signo é totalmente arbitrária, ou seja, não houve nenhuma conexão necessária entre o signo e seu significado. Isso o diferencia dos anteriores filósofos como Platão ou dos escolásticos, que acreditavam que deve haver alguma ligação entre o significante e o objeto que ele significa. Em seu Curso de Lingüística Geral , Saussure próprio credita o lingüista americano William Dwight Whitney (1827-1894) com insistindo no carácter arbitrário do signo. É a insistência de Saussure sobre a arbitrariedade do signo também tem influenciado filósofos posteriores e teóricos como Jacques Derrida , Roland Barthes e Jean Baudrillard . Ferdinand de Saussure cunhou o termo semiologia enquanto ensinava seu marco "Curso de Lingüística Geral", na Universidade de Genebra, 1906-11. Saussure postulou que nenhuma palavra é inerentemente significativo. Em vez de uma palavra é apenas um "significante", ou seja, a representação de alguma coisa, e deve ser combinada no cérebro com o "significado", ou a coisa em si, a fim de formar um significado impregnado "sinal". Saussure acreditava que os sinais de desmantelamento foi uma verdadeira ciência, pois ao fazê-lo chegar a uma compreensão empírica de como os seres humanos sintetizar estímulos físicos em palavras e outros conceitos abstratos.
  • Jakob von Uexküll (1864-1944) estudou os processos sígnicos em animais . Ele introduziu o conceito de Umwelt (mundo subjetivo ou do ambiente, iluminado. "mundo à sua volta") e círculo funcional (Funktionskreis ) como um modelo geral de processos sígnicos. Em sua teoria do significado ( Bedeutungslehre , 1940), descreveu a abordagem semiótica para a biologia , estabelecendo o campo que agora é chamado biossemiótica .
  • Valentin Voloshinov ( russo : Валентин Николаевич Волошинов ) (1895 - 13 de junho, 1936) foi um soviético linguísta russo /, cujo trabalho tem sido influente no campo da teoria literária e marxista da teoria da ideologia . Escrito no final dos anos 1920 na URSS, Voloshinov Marxismo e Filosofia da Linguagem (tr.: Marksizm i Filosofiya Yazyka) desenvolveram uma lingüística saussuriana-contador, que situa a usar a linguagem no processo social e não de uma forma inteiramente decontexualized saussuriana langue .
  • Louis Hjelmslev (1899-1965) desenvolveu uma abordagem formalista teorias estruturalistas de Saussure. Sua obra mais conhecida é Prolegômenos a uma Teoria da Linguagem , que foi ampliado em Currículo da Teoria da Linguagem , um desenvolvimento formal de glossematics , seu cálculo científico da linguagem.
  • Charles W. Morris (1901-1979). Em seu 1938 Fundamentos da Teoria dos Signos, ele definiu a semiótica como a tríade de agrupamento de sintaxe , semântica e pragmática . Os estudos de sintaxe a inter-relação dos signos, sem levar em conta o significado. A semântica estuda a relação entre os signos e os objetos aos quais se aplicam. Pragmática estuda a relação entre o sistema de signos e seus recursos humanos (ou animais) do usuário. Ao contrário de seu mentor, George Herbert Mead , Morris era um behaviorista e simpático ao Círculo de Viena, o positivismo de seu colega Rudolf Carnap . Morris foi acusado por John Dewey [ 16 ] de leitura errada Peirce.
  • Thure von Uexküll (1908-2004), o "pai" da moderna medicina psicossomática , desenvolveu um método de diagnóstico baseado em informações e análises biosemiotic semiótica.
  • Roland Barthes (1915-1980) foi um teórico literário e semiólogo francês. Ele costumava interrogar pedaços de material cultural para expor como a sociedade burguesa os usaram para defender os seus valores aos outros. Por exemplo, o retrato de vinho na sociedade francesa como um hábito saudável e robusta ideal seria uma percepção burguesa contrariada por certas realidades (ou seja, que o vinho pode ser insalubre e inebriante). Ele encontrou semiótica útil nesses interrogatórios. Barthes explicou que esses mitos culturais burgueses eram sinais de segunda ordem, ou conotações. Uma imagem de um negro, garrafa cheia é um sinal, um significante, relativa a um significado: um alcoólico, bebidas fermentadas - vinho. No entanto, o burguês tomam isso significava e aplicar sua ênfase a essa situação, tornando "vinho" um significante novo, desta vez referente a um novo significado: a idéia de saudável, relaxante, vinho robusto. Motivações para tais manipulações variam de um desejo de vender produtos a um simples desejo de manter o status quo. Esses insights trazidos Barthes muito em linha com a teoria marxista semelhantes.
  • Algirdas Julien Greimas (1917-1992) desenvolveu uma versão estrutural da semiótica chamado semiótica gerativa , tentando mudar o foco da disciplina de sinais para os sistemas de significação. Suas teorias desenvolver as idéias de Saussure, Hjelmslev, Claude Lévi-Strauss e Maurice Merleau-Ponty .
  • Thomas A. Sebeok (1920-2001), um estudante de Charles W. Morris, foi uma ampla e semioticista americano prolífico. Embora ele insistiu que os animais não são capazes de linguagem, ele expandiu o alcance da semiótica para incluir não-humanos sistemas de sinalização e comunicação, elevando alguns dos temas abordados por filosofia da mente e cunhar o termo zoosemiotics . Sebeok insistiu que toda a comunicação foi possível graças a relação entre o organismo eo ambiente em que vive dentro Ele também representa a equação entre a semiose (a atividade de interpretação de sinais) e vida - a visão que tem desenvolvido por Copenhaga-Tartu escola biosemiotic .
  • Juri Lotman (1922-1993) foi o membro fundador da Tartu (ou Tartu-Moscou) Semiótica da escola . Ele desenvolveu uma abordagem semiótica para o estudo da cultura e estabeleceu um modelo de comunicação para o estudo da semiótica do texto. Ele também introduziu o conceito de semiosfera . Entre seus colegas de Moscou foram Vladimir Toporov , Vyacheslav Ivanov Vsievolódovitch , e Boris Uspenski .
  • Umberto Eco (1932-presente) fez um público mais amplo conhecimento da semiótica por várias publicações, nomeadamente Uma Teoria da Semiótica e seu romance , O Nome da Rosa , que inclui operações semióticas aplicadas. Suas contribuições mais importantes para o urso de campo sobre a interpretação, a enciclopédia, eo leitor-modelo. Ele também criticou em vários trabalhos ( A teoria semiótica , La assente do struttura , signe Le , produção La de signes ) ", o" iconismo ou "signos icônicos" (tirado da famosa tríade de maior relação Peirce, com base em índices, ícones e símbolos), a que fins quatro modos de produção sígnica: reconhecimento, ostensão, réplica, e invenção.
  • Eliseo Verón (1935-presente) desenvolveu a sua "Teoria Social do Discurso", inspirado na concepção peirceana de "semiose".
  • Alberto J. Muniagurria (1944-presente) perito clinitian Professor Titular de Medicina e Semiologia clínica na cidade de Rosário Medical School. Membro da Comissão Nacional Argentina Academia de Medicina, e autor da coleção "Semiologia clínica".
  • O Grupo de Mu ( Groupe μ ) (fundado em 1967) desenvolveu uma versão estrutural da retórica e da semiótica visual .

Fonte: Wikipédia

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